quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O poeta


Acaso não é o dom do poeta rimar seus sofrimentos?

Certo amigo me disse: "Drama sempre esquenta a trama"

Que seria do poeta se não lhe fosse permitido explorar-se ao inverso e ao verso e do começo ao fim e ao longo disso ir inventando novos começos e imaginando diferentes fins?
Ao poeta tudo é permitido. Até mesmo sofrer imensamente por algo que poderia ser simples, mas aí está: ao poeta não convém o simples.
O poeta vive seus tormentos e faz questão de revivê-los ao escrevê-los.
É daí que temos de Fernando Pessoa:


" O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm. "

É de uma forma tão louca que o poeta mergulha num rio de desesperos e gritos e prantos, que quase se afoga em seu exagero.

Mas ainda bem que temos nossos poetas embebecidos em suas loucuras não é mesmo?
O poeta é um ser exageradamente dramático.
Todo poeta sabe que tudo que escreve nada mais é do que seus momentos grandiosamente ampliados.
É tradição que vem de muitos tempos, poeta só é poeta se souber rimar seus sofrimentos.
Nem sempre é rima.
Mas sempre é poesia.
Tudo aquilo que o poeta toca, vira poesia.

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